O movimento islamista Hamas libertou, neste sábado (8/2), três reféns israelenses mantidos na Faixa de Gaza por 16 meses, marcando a quinta troca de prisioneiros palestinos possibilitada pelo cessar-fogo com Israel, que está em vigor desde 19 de janeiro.
Como confirmado por jornalistas da AFP, eles foram entregues à Cruz Vermelha, que os entregou ao Exército israelense. Os três foram capturados em Israel em 7 de outubro de 2023, durante o ataque surpresa do Hamas, que fez um total de 251 reféns naquele dia.
Dezenas de combatentes do Hamas, com os rostos cobertos e usando faixas verdes na cabeça, formaram um cordão ao redor da área onde um pódio foi montado com fotos de tanques israelenses destruídos, bandeiras do movimento islamista e imagens de comandantes mortos em bombardeios israelenses.
O Fórum das Famílias de Reféns israelenses denunciou "imagens chocantes" durante a libertação dos três, que, apesar do cansaço evidente, foram forçados a falar no pódio por um militante encapuzado do Hamas que segurava um microfone.
O Fórum, portanto, insistiu que "não há tempo a perder" para libertar a todos, enquanto o presidente israelense, Isaac Herzog, denunciou "um espetáculo cínico e cruel" que ilustra "um crime contra a humanidade".
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, juntou-se às críticas, dizendo que as imagens deste sábado "não ficarão sem respostas".
Em troca dos três homens, Israel planejava libertar 183 palestinos: 18 condenados à prisão perpétua, 54 condenados a penas pesadas e 111 detidos em Gaza após o ataque de 7 de outubro de 2023, disse Amani Sarahneh, porta-voz do Clube dos Prisioneiros Palestinos.
Um grupo de prisioneiros libertados por Israel chegou de ônibus à cidade de Ramallah, na Cisjordânia, neste sábado, onde desembarcaram um por um em meio a uma multidão animada.
A troca deste sábado estava incerta até sexta-feira (7/2), após declarações surpreendentes do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que, ao receber Netanyahu na Casa Branca na terça-feira, propôs que os Estados Unidos assumissem o controle de Gaza e que sua população fosse deslocada para países vizinhos.
Uma ideia categoricamente rejeitada pelo Hamas e condenada pela comunidade internacional.
A esposa de Eli Sharabi e suas duas filhas adolescentes morreram em sua casa no kibutz Beeri, no sul de Israel, durante o ataque de 7 de outubro de 2023.
Yossi Sharabi, irmão mais velho de Eli, foi sequestrado separadamente e pode ter morrido.
A esposa de Or Levy, Einav, foi morta no ataque do Hamas ao festival de música Nova, realizado naquele dia a poucos quilômetros da Faixa de Gaza.
E a esposa de Ohad Ben Ami, sequestrada com ele em Beeri, foi libertada durante a primeira trégua de uma semana em novembro de 2023.
Desde 19 de janeiro, 21 reféns palestinos e 582 prisioneiros foram libertados, assim como um egípcio.
A primeira fase do acordo de seis semanas prevê a entrega de um total de 33 reféns a Israel, incluindo pelo menos oito mortos, em troca de 1.900 palestinos.
Na semana passada, Yarden Bibas foi solto, mas sem sua esposa argentina Shiri e seus dois filhos, Ariel e Kfir, que agora teriam cinco e dois anos. O paradeiro dos três é desconhecido.
O Hamas disse que eles foram mortos em um bombardeio israelense, mas o Exército israelense não confirmou a morte dos três. Na sexta-feira, Yarden Bibas pediu a Netanyahu que fizesse todo o possível para trazê-los de volta.
Das 251 pessoas sequestradas em 7 de outubro de 2023, 73 permanecem presas em Gaza, das quais pelo menos 34 morreram, de acordo com o Exército.
A segunda fase do acordo, que será negociada, visa garantir a libertação de todos os reféns e o fim definitivo da guerra, antes de uma etapa final dedicada à reconstrução de Gaza.
O ataque do Hamas deixou 1.210 mortos do lado israelense, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.
A ofensiva israelense matou pelo menos 47.583 pessoas em Gaza, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.